O RECT11 comunicou aos cotistas e ao mercado um movimento relevante em sua estratégia patrimonial: a celebração de um acordo para venda de três andares — totalizando oito unidades — na Torre Rio Claro Offices, empreendimento localizado na Alameda Rio Claro, no bairro Bela Vista, em São Paulo, e integrante do complexo Cidade Matarazzo. A operação, com valor total de R$ 90 milhões, tem como objetivo principal a redução do passivo do fundo.
Detalhes da negociação
A transação envolve as unidades 41, 42, 43, 51, 52, 53, 61 e 62, que somam uma área BOMA de 2.426,79 m². O comprador será o FII Torre Rio Claro Offices, administrado pelo Ouribank S.A., fundo recém-constituído e ainda em fase de captação de recursos.
O valor de venda, de R$ 90 milhões, representa um cap rate de 7,55% e será pago da seguinte forma:
- Primeira parcela: R$ 35 milhões à vista, na assinatura do compromisso de compra e venda.
- Saldo remanescente: R$ 55 milhões pagos em 180 parcelas mensais de R$ 502.195,59, corrigidas pelo IPCA + 7,5% ao ano.
Essa estrutura de pagamento prevê que, caso o comprador não consiga captar o valor total da entrada, mas alcance ao menos R$ 20 milhões, o valor inicial será ajustado, e mais duas parcelas serão incluídas no prazo total, mantendo o preço presente da operação.
Impacto no portfólio e situação financeira
Segundo o fato relevante, o valor da venda é superior tanto ao custo caixa dos imóveis, registrado em R$ 68,68 milhões, quanto ao valor contábil de R$ 87,55 milhões, calculado na última avaliação, de dezembro de 2024.
Os recursos levantados com a operação serão destinados integralmente à redução do passivo do RECT11, em linha com a estratégia do fundo de otimizar sua alavancagem e fortalecer a posição financeira. A conclusão do negócio, entretanto, ainda depende do sucesso na captação de recursos do comprador e do cumprimento de condições precedentes definidas no contrato.
Contexto do fundo e estratégia atual
O RECT11, gerido pela REC Gestão de Recursos S.A., é um fundo de lajes corporativas que vem buscando reforçar seu caixa e reduzir dívidas por meio da venda de ativos e locação de espaços vagos. Em meio a um mercado de escritórios que ainda apresenta desafios, especialmente em regiões centrais de São Paulo, a alienação de imóveis considerados estratégicos pode representar uma readequação relevante da carteira.
Nos últimos meses, o fundo já havia demonstrado interesse em desinvestimentos seletivos, visando reequilibrar a relação entre receita recorrente e obrigações financeiras. O movimento agora anunciado reforça essa tendência.
Possíveis reflexos para os cotistas
Embora o negócio ainda não esteja concluído, a expectativa é que a entrada imediata de recursos, caso a transação seja efetivada, gere um alívio na estrutura de dívidas e possa abrir espaço para ajustes na distribuição de rendimentos. No entanto, até a finalização e recebimento efetivo dos valores, não há garantia de impacto imediato nos dividendos.
O uso de correção pelo IPCA + 7,5% ao ano nas parcelas a prazo também significa que o fundo terá uma receita recorrente significativa ao longo dos próximos 15 anos, o que pode contribuir para a previsibilidade de caixa.
Condições para fechamento
O fechamento da venda está condicionado à captação mínima pelo fundo comprador e ao cumprimento das obrigações contratuais. Caso não sejam atendidas essas condições, a operação poderá ser revista ou cancelada.
A administração reforçou que segue trabalhando paralelamente na locação de áreas vagas e em novas oportunidades de venda dentro de seu portfólio, o que indica que outras movimentações podem ocorrer no futuro.