O relatório gerencial de junho de 2025 do BCRI11, fundo de CRIs gerido pelo Banestes, trouxe uma vez mais uma mistura de rendimentos atrativos e carteira pressionada por inadimplência e renegociações. O fundo distribuiu R$ 0,85 por cota no mês, o que representa um dividend yield de 1,28%, mantendo sua performance de distribuição consistente. No semestre, o total distribuído chegou a R$ 4,91 por cota, com uma valorização acumulada de 10,77% no preço da cota.
Apesar da boa performance nos pagamentos, o relatório reforça a preocupação com ativos problemáticos, evidenciando o desafio recorrente do fundo: rentabilidade frente a um cenário de inadimplência significativa.
Mais um waiver na carteira e nova inadimplência
O mês foi marcado por mais um episódio de waiver e o surgimento de uma nova inadimplência. O CRI WAM, que já estava com pagamentos em atraso, teve seu vencimento postergado em dois anos, agora com vencimento em dezembro de 2027. Além disso, o CRI teve isenção de pagamentos de juros e amortizações até o fim de 2025, conforme aprovado em assembleia.
Outro destaque negativo veio do CRI Thermas São Pedro, que apresentou pagamento parcial referente à parcela de junho, configurando um novo evento de inadimplência. O ativo está atrelado a um empreendimento do grupo WAM, e aguarda-se a convocação de uma assembleia para deliberação sobre regularização.
O já conhecido CRI Correios, apesar de ainda inadimplente, quitou parcialmente o valor de abril, permanecendo com duas parcelas em atraso. A expectativa é de regularização antes que os 90 dias de atraso disparem o vencimento antecipado do papel.
A dura realidade dos CRIs problemáticos
Atualmente, o BCRI11 possui diversos CRIs em situação delicada, seja por inadimplência, renegociações ou concessão de waivers. Entre os casos listados:
- Artenge: vencimento antecipado decretado, processo de execução em andamento.
- BR Distribuidora (Vibra): inadimplente após disputa judicial e decisão suspensa.
- Circuito das Compras: pagamento parcial de juros e vencimento estendido até 2040.
- GVI: isenção de amortização até junho/25.
- Kroton (Anhanguera): inadimplente com ação arbitral em curso.
- Pesa: venda de imóvel em garantia autorizada, com prazo de 12 meses.
- Skanix: renegociação e judicialização do caso.
- Thermas São Pedro: nova inadimplência registrada em junho.
- WAM: waiver aprovado, vencimento postergado.
Ao todo, mais de 10% da carteira do fundo está comprometida em ativos considerados inadimplentes, renegociados ou com waivers ativos. Isso chama atenção especialmente por se tratar de um fundo gerido por uma instituição financeira pública, cuja especialidade deveria ser, em tese, o crédito.
Caixa confortável e rendimento ainda competitivo
Apesar dos desafios, o fundo encerrou junho com R$ 24,54 milhões em caixa, equivalente a 4,65% do patrimônio, sendo parte relevante aplicada em operações compromissadas lastreadas em CRIs.
Vale observar que 67% do rendimento distribuído em junho veio de juros e 33% de correção monetária, com o fundo se beneficiando da variação de índices como IGP-M (-1,67%) e IPCA (+0,24%) no mês.
Resultado do semestre e relação com os cotistas
A gestão do BCRI11 destacou o volume total distribuído no semestre: R$ 30,73 milhões, mantendo o valor médio de R$ 0,81 por cota. Além disso, o Banestes reforçou o convite aos cotistas para se cadastrarem em seu mailing list e acompanharem os dados completos e atualizações mensais no site oficial.
Considerações
O BCRI11 segue sendo um fundo de CRI com distribuição atrativa, mas a leitura atenta do relatório revela uma carteira que vem sendo pressionada por atrasos, renegociações e decisões judiciais, elementos que podem impactar o desempenho futuro. Ainda assim, o fundo mostra disciplina na comunicação e transparência quanto aos riscos correntes, o que nem sempre é comum no mercado de FIIs.