O Fundo de Investimento Imobiliário Industrial do Brasil (FIIB11) divulgou um Fato Relevante nesta quinta-feira (31) informando que uma de suas principais locatárias, responsável por aproximadamente 23% da área locável, deixou de pagar integralmente os aluguéis referentes aos meses de setembro e outubro de 2025.
A empresa, que atua no setor automotivo, havia solicitado ao fundo a postergação de 50% dos alugueis do período entre setembro de 2025 e janeiro de 2026, pedindo para quitar o valor em 18 parcelas. O pedido, no entanto, foi negado pela administração, que argumentou que a medida traria impacto negativo na rentabilidade e que o contrato de locação ainda está em processo de renovação.
Setor automotivo enfrenta desaceleração
Segundo o comunicado, a locatária justificou o pedido mencionando a forte desaceleração da indústria automotiva, com projeções de queda na produção de veículos para o próximo semestre.
A empresa citou também os efeitos do aumento de tarifas pelos Estados Unidos, que agravaram a instabilidade no comércio global, e informaram que grandes clientes já anunciaram reduções no volume de produção, o que afetaria temporariamente a operação.
A gestora do FIIB11, no entanto, ressaltou que não poderia aceitar a solicitação, especialmente diante do risco contratual e do impacto direto na distribuição de rendimentos aos cotistas. Ainda assim, a locatária realizou unilateralmente apenas 50% do pagamento do aluguel de setembro, sem a devida autorização, e repetiu o comportamento em outubro, mesmo após ter sido formalmente notificada.
Valores em aberto e medidas do fundo
O total devido pela empresa, sem considerar as penalidades por atraso, soma R$ 664.082,52, correspondentes à metade dos aluguéis vencidos de setembro e outubro de 2025.
A Coinvalores, administradora do fundo, afirmou que todas as medidas cabíveis de cobrança estão sendo tomadas, e que o mercado será informado sobre os próximos desdobramentos do caso.
Essa situação reforça a importância da diversificação e da análise de risco locatício dentro dos fundos imobiliários do tipo “tijolo”, especialmente aqueles com alta concentração de receita em poucos inquilinos.
Distribuição de rendimentos mantida
Apesar da inadimplência parcial, o FIIB11 informou que manterá o mesmo patamar de rendimentos para o mês de outubro, no valor de R$ 3,58 por cota, com pagamento previsto para o dia 10 de novembro de 2025.
O fundo destacou que seu caixa atual é suficiente para honrar os compromissos e preservar o nível de distribuição, pelo menos no curto prazo.
Histórico e contexto da locatária
Não é a primeira vez que a empresa solicita a postergação de aluguéis. O fundo já havia concedido o adiamento parcial em 2023 e 2024, e naquelas ocasiões os valores foram integralmente liquidados posteriormente.
Desta vez, porém, a administração optou por não aceitar o novo pedido, tanto pelo impacto financeiro quanto pela indefinição sobre a garantia contratual em processo de renovação.
A recorrência desse tipo de situação pode acender um alerta sobre a exposição concentrada em inquilinos industriais, especialmente em setores sujeitos a oscilações econômicas mais bruscas, como o automotivo.
Cenário de atenção
Mesmo com a manutenção temporária dos rendimentos, o episódio mostra como inadimplências pontuais podem gerar ruídos entre cotistas e afetar a previsibilidade de resultados.
A gestão informou que continuará buscando soluções para resolver a pendência e preservar a estabilidade do fundo.



