O Greenwich Agro FIAGRO Imobiliário (GRWA11) divulgou seus resultados de abril, e os cotistas se depararam com uma distribuição mais enxuta do que o habitual: foram R$ 0,06 por cota, o que representa um dividend yield de 12,93% nos últimos 12 meses, considerando a cotação de mercado de 08/05/2025.
Apesar de contar com caixa suficiente para manter níveis anteriores de distribuição, a gestão optou por uma abordagem mais conservadora. A mudança se deve à publicação do Ofício Circular-Conjunto nº 1/2025 da CVM, que orienta a migração do regime de distribuição de dividendos do caixa para a competência. Isso exigiu uma adaptação estratégica por parte do fundo, que agora busca alinhar os resultados contábeis às distribuições, evitando excessos que comprometam a saúde financeira no longo prazo.
Alocação majoritária e foco em crédito indexado ao CDI
Ao final de abril, 91,8% da carteira estava alocada em Ativos Alvo, com um perfil bastante voltado para renda fixa. Desse total:
- 72,0% está indexado ao CDI;
- 15,2% ao IPCA;
- 1,9% em ativos pré-fixados;
- 1,9% em cotas de outros fundos;
- E 0,8% em ações do agronegócio.
A duration média dos ativos de crédito segue controlada, em 2,0 anos, com uma diversificação relevante: os ativos estão pulverizados em mais de 40 riscos distintos, com exposição máxima de 5,4% por emissor.
Casos especiais: Patense, Agrogalaxy e Copagri
O fundo ainda carrega exposição relevante a alguns casos específicos que exigem atenção constante:
- Patense: Está prevista uma Assembleia Geral de Credores em 21/05 ou 28/05, no âmbito da recuperação judicial. Apesar do reconhecimento dos CRAs como extraconcursais, há o risco de reversão dessa decisão. Outra assembleia avaliará a substituição dos CRAs por cotas de um FIDC, com expectativa de recuperação parcial.
- Agrogalaxy: O plano de recuperação judicial foi aprovado, mas ainda aguarda homologação pelo juiz. O fundo pretende atuar como credor apoiador, considerando ser essa a melhor alternativa para recuperar parte dos valores investidos.
- Copagri: O grupo entrou com pedido de recuperação judicial em abril. A gestão está em diálogo com a Emissora e já iniciou as medidas legais previstas nos termos de securitização.
Essas situações explicam, em parte, o comportamento da cota patrimonial, que fechou abril em R$ 9,96, já refletindo as marcações de 50% dos valores de Patense e Agrogalaxy no resultado contábil.
Vencimento antecipado e nova preocupação: Cras Agroindústria
O fato mais relevante de maio até o momento foi o vencimento antecipado dos Certificados de Recebíveis do Agronegócio da 125ª emissão da Opea Securitizadora, lastreados em direitos creditórios da Cras Agroindústria Ltda. A empresa não cumpriu obrigações previstas em assembleia realizada em janeiro, o que acionou cláusulas automáticas de vencimento.
A Emissora já comunicou que tomará todas as medidas cabíveis para proteger os interesses dos investidores, e o fundo informou que continuará acompanhando de perto esse novo risco em sua carteira.
Receita acumulada e caixa ainda confortável
Desde sua criação, em dezembro de 2022, o fundo acumula R$ 6,6 milhões em receitas e R$ 5,7 milhões em resultado líquido, o que equivale a R$ 2,98 por cota. Em abril, recebeu R$ 195 mil em juros e R$ 493 mil em amortizações. O caixa encerrou o mês com R$ 2,2 milhões, o equivalente a 8,2% do patrimônio total.
Considerações finais
A gestão segue buscando diversificação e equilíbrio, tanto no mercado primário quanto no secundário, sempre com foco em manter a qualidade dos ativos e o controle de riscos. O cenário regulatório e os eventos envolvendo emissores relevantes exigem uma postura prudente, e a distribuição reduzida de abril reflete essa nova fase de transição e resiliência.