O fundo imobiliário HCTR11 divulgou seu Relatório Gerencial referente ao mês de junho/25 com uma notícia que poucos esperavam: um dividendo de R$ 0,38 por cota, acima da média recente e rompendo a tendência de quedas leves, mas constantes, que vinham sendo observadas desde o início do ano.
Com esse pagamento, o fundo entregou um dividend yield mensal de 1,64%, o que representa um yield anualizado de 21,51%, considerando a cotação de mercado. Um resultado que anima os cotistas e reacende o debate sobre o futuro da estratégia da carteira.
Lucro veio de onde ninguém esperava
A grande surpresa do mês não foi o pagamento elevado em si, mas a origem do lucro. Muitos cotistas acreditavam que o aumento se daria por conta de um dos CRIs com histórico de pagamento anual, mas o que ocorreu foi uma venda inesperada de CRI — mais especificamente, do papel Araguaína Park, que representava apenas 0,2% do patrimônio líquido do fundo.
Essa venda gerou R$ 2,85 milhões de resultado em caixa, impulsionando diretamente a distribuição de junho. No total, o fundo obteve resultado de caixa de R$ 0,46 por cota, mas optou por distribuir R$ 0,38, o que corresponde a 95% do resultado caixa acumulado no semestre — dentro do limite legal permitido.
DRE contábil reforça o bom momento
No aspecto contábil, o fundo também apresentou desempenho sólido. O resultado contábil subiu R$ 8 milhões no mês, atingindo R$ 1,93 por cota, um valor expressivo e que mostra que o desempenho não se resumiu apenas ao fluxo de caixa.
A receita de FIIs aumentou R$ 300 mil, e o rendimento do caixa alcançou R$ 7,1 milhões, dos quais cerca de R$ 2,8 milhões são lucro distribuível.
Além disso, o fundo aumentou seus juros recebidos em R$ 400 mil e as amortizações em R$ 700 mil, refletindo o amadurecimento de parte da carteira e melhorando a previsibilidade dos rendimentos futuros.
Investimentos pontuais e estratégia de reciclagem
Outro ponto importante do relatório foi a menção ao último aporte feito no HCST11, no valor de R$ 247 mil, encerrando o projeto Setin, que foi finalizado em junho e teve seu habite-se emitido em julho.
A expectativa, agora, é de que esse ativo comece a gerar uma pequena renda mensal, algo entre 2 e 3 centavos por cota, dependendo do desempenho de outro fundo relacionado, o HCHG11.
Essa movimentação pode indicar o início de uma reciclagem na carteira do HCTR11, processo semelhante ao que já vem sendo realizado há meses no DEVA11. Com R$ 16 milhões em caixa, o fundo passa a ter mais liberdade para novas alocações ou oportunidades pontuais que agreguem valor ao portfólio.
Situação da carteira e perspectiva para os próximos meses
A carteira do fundo segue majoritariamente em situações regulares:
- Ativos “em dia”: 16% (sem alteração)
- Em carência de juros: 69%
- Inadimplentes: 15% (estável)
O caixa do fundo subiu de 0,6% para 0,87% do patrimônio líquido, reforçando a liquidez para possíveis movimentações futuras.
Entre os eventos esperados para os próximos meses, um dos mais aguardados é a possível retomada de pagamentos do CRI GPK, cuja próxima data relevante será 20 de agosto. Caso os pagamentos voltem e se tornem recorrentes, a performance do HCTR11 pode mudar de patamar rapidamente. Mas se não ocorrer, o cenário se mantém estável.
Conclusão
Apesar das críticas sobre a demora na publicação do relatório (que continua sendo entregue no mês posterior ao pagamento), o HCTR11 conseguiu surpreender positivamente em junho. O lucro inesperado com a venda de CRI, o reforço no caixa e a distribuição acima da média trouxeram fôlego aos cotistas — ainda que o futuro dependa de decisões estratégicas importantes nos próximos meses.
Para os investidores que acompanham o fundo, o momento agora é de atenção: os sinais de movimentação na carteira indicam que algo pode estar mudando na estratégia do HCTR11.