O MXRF11 divulgou seu relatório gerencial mais recente e expôs uma movimentação intensa no portfólio ao longo de outubro. O fundo — um dos mais acompanhados e negociados do IFIX — apresentou dados que mostram ajustes relevantes nas posições de CRIs, permutas financeiras e FIIs, além de um mês consistente na distribuição de rendimentos.
Cenário macro e desempenho do IFIX
O relatório abre destacando o comportamento do IFIX, que encerrou outubro com leve alta de 0,12%. No ambiente doméstico, o Boletim Focus de 21 de novembro registrou queda nas expectativas de inflação para 2025, tanto no IPCA (de 4,72% para 4,45%) quanto no IGP-M (de 0,95% para -0,41%). Já a projeção de Selic continuou em 15% ao ano.
A variação imobiliária também chamou atenção. O IGMI-R, índice que monitora preços de unidades residenciais, acelerou para 2,28% em setembro e atingiu 15,39% no acumulado de 12 meses — bem acima do IPCA, IGP-M e do INCC-M.
Estratégia de alocação do MXRF11
A gestão reforçou que segue com a diretriz principal de manter cerca de 80% do patrimônio líquido em CRIs, priorizando emissores de alta qualidade e oportunidades com potencial de ganho recorrente no mercado secundário. Os demais 20% podem ser direcionados para permutas financeiras ou operações estruturadas via FIIs, sempre buscando retornos acima da média e movimentos táticos conforme o mercado permite.
Movimentações do portfólio em outubro
O mês foi particularmente ativo no book de CRIs. O fundo adquiriu dois novos títulos no mercado primário, somando aproximadamente R$ 33,7 milhões. Ambos os papéis são do Grupo Oba, com taxa de IPCA + 9,75% ao ano, e vinculados a contratos BTS de 20 anos para lojas em Taubaté e Campinas. As operações contam, ainda, com garantia real e aval do acionista controlador, grupo avaliado com rating A- pela Fitch.
Além disso, o MXRF11 adicionou R$ 5 milhões em uma tranche extra do CRI JK Square, reforçando uma posição já existente.
No mercado secundário, a gestão promoveu vendas parciais de aproximadamente R$ 13 milhões em CRIs. Entre os papéis alienados estão HBR Hotel W, FS Infra, GAV Porto 2, MRV Pro Soluto e República do Líbano. Esse movimento gerou um ganho de capital de R$ 522 mil para o fundo.
Permutas financeiras e movimentações em FIIs
As permutas financeiras — parte relevante da estratégia do fundo — receberam um aporte adicional de R$ 3 milhões em um projeto já presente na carteira. Esse tipo de operação tende a concentrar maior parte do fluxo financeiro próximo ao final da obra, o que pode gerar impactos positivos futuros no caixa.
Já no book de FIIs, o MXRF11 realizou vendas parciais de TELM11, MCLO11 e HGRU11, mantendo a linha de reciclagem ativa de portfólio e buscando ajustes finos de risco-retorno.
Resultado e distribuição de rendimentos
O fundo registrou R$ 44,73 milhões em rendimentos no regime de caixa, equivalente a R$ 0,1002 por cota. O principal motor do resultado permaneceu sendo o book de CRIs, que contribuiu com R$ 33,53 milhões. As permutas adicionaram R$ 5,35 milhões e o book de FIIs somou R$ 6,81 milhões.
O relatório mostra ainda que o fundo mantém uma reserva acumulada de correção monetária de R$ 14,81 milhões — valor equivalente a R$ 0,0339 por cota. A gestão reforçou que pode haver diferença entre a remuneração contratada dos papéis e o fluxo efetivamente pago, já que o regime de caixa segue a entrada real dos valores.
Monitoramento e acompanhamento dos ativos
O time gestor afirma manter acompanhamento próximo de emissores e operações, principalmente em um cenário de juros elevados. Segundo o relatório, há atenção especial para balanços corporativos, estrutura de dívidas e eventuais efeitos macroeconômicos. As páginas 14 a 22 do documento trazem descrições detalhadas das garantias e características de todos os CRIs da carteira.
O mês reforça a postura ativa do MXRF11 em combinar renda constante com giro estratégico de posições. A gestão segue estruturando pipeline de novas operações, tanto em CRIs quanto em permutas, enquanto avalia oportunidades de reciclagem no mercado secundário.



