O FII REC Recebíveis Imobiliários (RECR11) divulgou nesta semana seu relatório gerencial referente ao mês de abril de 2025 e, junto dele, anunciou seus rendimentos mensais. Com um dividendo de R$ 1,3608 por cota, o fundo se destaca mais uma vez entre os FIIs de papel ao entregar um dividend yield anualizado de 19,33%, equivalente a 197% do CDI líquido.
Esse número chama atenção especialmente pelo cenário atual de compressão dos spreads em alguns segmentos do mercado de crédito privado. O fundo, que busca retorno principalmente por meio de investimentos em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), demonstrou mais uma vez a força da sua carteira — e revelou movimentações importantes em sua estratégia.
Distribuição robusta e performance histórica
Com a distribuição anunciada em maio, referente ao mês anterior, o RECR11 soma R$ 11,45 por cota em rendimentos nos últimos 12 meses. Considerando a cota de fechamento de abril, de R$ 84,47, o fundo proporcionou um yield mensal de 1,611%.
Desde seu IPO, em dezembro de 2017, os cotistas já receberam um montante acumulado de 134,8% sobre a cota base de R$ 100, enquanto o CDI líquido no mesmo período foi de 66,5%. Ou seja, o RECR11 mais que dobrou o retorno do principal benchmark da renda fixa no país, reforçando sua atratividade para o investidor que busca renda mensal isenta de imposto de renda.
Novas aquisições: risco elevado com garantias robustas
Entre as movimentações mais relevantes do mês, destacam-se aquisições expressivas de novos CRIs. Uma delas foi o CRI Realiza 2025, no valor de R$ 128 milhões, com taxa de IPCA + 10,50% ao ano. O papel possui múltiplas garantias, como alienação fiduciária de imóveis, cessão de recebíveis, aval dos sócios e fundo de reserva, indicando uma estratégia clara de compensar o risco com garantias sólidas.
Outras aquisições relevantes incluem:
- CRI Edifício BM 366: lastro em imóvel AAA no Leblon (RJ), com taxa de IPCA + 8,50% ao ano.
- CRI Ativos Residenciais Diversificados: taxa CDI + 8,00%.
- CRI Crediblue: IPCA + 9,00%.
- CRI Ditolvo: IPCA + 10,00%.
Esses ativos reforçam a diversificação da carteira, com diferentes origens, indexadores e níveis de garantia.
Alienações e gestão de liquidez
A gestão ativa do portfólio também se refletiu na venda de diversos CRIs, totalizando R$ 75 milhões em alienações, incluindo papéis como CRI SPEs BrDU, São Benedito 2 e Matarazzo Retail IV. Também foram vendidas cotas de outros fundos imobiliários, como ICRI11, BARI11 e OUJP11, movimentando mais de R$ 3,7 milhões.
Além disso, dois CRIs foram liquidados em abril: Realiza 3, no valor de R$ 39,98 milhões, e Setin, por R$ 3,77 milhões. Essa movimentação contribui para o giro de capital e eventual reinvestimento em ativos mais atrativos.
Alocação e patrimônio
O fundo encerrou abril com 94% do patrimônio alocado, sendo 101 operações de CRI e 9 FIIs. A concentração elevada no principal ativo-alvo — os CRIs — tem contribuído diretamente para a geração de caixa e para os altos rendimentos distribuídos.
A composição patrimonial do fundo no fim de abril foi a seguinte:
- CRIs: R$ 2.254.044.618
- FIIs: R$ 98.675.297
- Imóveis: R$ 78.641.000
- Fundos de liquidez diária: R$ 65.064.654
- Outros ativos: R$ 2.312.255
- Total de ativos: R$ 2.498.321.825
- Patrimônio líquido: R$ 2.372.645.081
A alocação elevada em CRIs — ativos que geram rendimentos isentos para pessoas físicas — é um diferencial competitivo, especialmente para investidores que valorizam a previsibilidade de renda e o benefício fiscal.
Sensibilidade e análise de cenário
O relatório de abril também trouxe uma tabela de sensibilidade que projeta diferentes níveis de retorno com base na variação do preço da cota. Essa ferramenta ajuda o investidor a visualizar como alterações no mercado secundário podem impactar o yield do fundo, um recurso útil principalmente para quem avalia pontos de entrada ou saída.
Considerações finais
O desempenho do RECR11 em abril reafirma a força do fundo como uma das principais opções entre os FIIs de papel. Com rendimentos acima da média, gestão ativa, diversificação de CRIs com garantias sólidas e alocação eficiente, o fundo se mantém como uma alternativa interessante para investidores que buscam renda mensal consistente e isenção de imposto.
No entanto, é sempre importante lembrar que fundos de papel, mesmo com lastros imobiliários, estão sujeitos a riscos de crédito, inadimplência e marcação a mercado. O investidor deve avaliar seu perfil antes de tomar qualquer decisão.