O mercado de fundos imobiliários amanheceu com uma novidade significativa vinda do REC Renda Imobiliária (RECT11). Em fato relevante divulgado no dia 28 de maio, o fundo anunciou mudanças importantes na estrutura de sua dívida relacionada à aquisição do Edifício Barra da Tijuca. A movimentação, aprovada em Assembleia Especial dos titulares dos CRIs das séries 215ª, 220ª e 251ª, mexe com a dinâmica financeira do fundo e pode indicar estratégias mais robustas para o enfrentamento de desafios no curto e médio prazo.
📍 O RECT11 é um fundo focado em lajes corporativas, com gestão da REC Gestão de Recursos e administração da BRL Trust. Ao longo dos últimos anos, o fundo vem adotando medidas para manter sua atratividade, mesmo enfrentando taxas de vacância e ajustes no portfólio.
O que mudou no CRI do Edifício Barra da Tijuca?
Entre as principais mudanças aprovadas na operação de securitização da dívida do imóvel localizado na Barra da Tijuca, destacam-se:
- Concessão de carência de 12 meses para o pagamento de amortização dos CRIs, a partir de julho de 2025;
- Durante esse período de carência, o fundo se compromete a pagar mensalmente R$ 1.395.000,00, corrigidos pelo IPCA, a partir do primeiro pagamento;
- Um total de R$ 4 milhões será direcionado à redução do saldo devedor do CRI da 251ª série, utilizando 50% do valor retido da remuneração da consultora de investimento. O pagamento será realizado em quatro parcelas trimestrais, entre julho de 2025 e abril de 2026.
Essas mudanças têm implicações relevantes. A carência de amortização oferece um alívio de curto prazo, permitindo ao RECT11 preservar caixa enquanto tenta melhorar a ocupação dos imóveis e fortalecer sua posição financeira.
Estratégia ou necessidade?
Ao adotar essas medidas, o fundo sinaliza duas coisas: de um lado, uma ação estratégica para ajustar o fluxo de caixa sem comprometer os pagamentos aos cotistas; de outro, um possível sinal de pressão frente à necessidade de lidar com a vacância ainda elevada no portfólio.
Vale lembrar que o RECT11 vinha enfrentando dificuldades para ocupar alguns de seus imóveis, apesar de esforços recentes da gestão. Em casos anteriores, a locação de novos espaços, como no Centro Empresarial Parque Cidade (Brasília), já demonstrava esse foco em reverter o cenário de espaços ociosos.
Impacto nas cotas e nos dividendos
A notícia chega em um momento delicado. Com P/VP de apenas 0,36 e um dividend yield de 13,25% nos últimos 12 meses, o RECT11 é visto por muitos investidores como uma oportunidade com desconto. No entanto, decisões como a atual podem gerar percepções ambíguas no mercado: será uma jogada inteligente de gestão ou uma manobra emergencial para ganhar tempo?
A utilização de valores anteriormente retidos para reduzir a dívida pode ser bem-vista por investidores atentos à saúde financeira do fundo. Por outro lado, a postergação da amortização pode levantar dúvidas sobre a liquidez e o andamento da estratégia de longo prazo.
Gestão reafirma foco em locação e vendas
Apesar da reestruturação da dívida, o fundo deixou claro em comunicado que continua empenhado na locação dos espaços vagos e na venda de ativos, o que reforça o compromisso com a melhoria do portfólio e da geração de receita.
Essa postura ativa pode ser decisiva para o futuro do RECT11. A retomada de ocupações em edifícios estratégicos e a possível alienação de ativos com baixa performance podem equilibrar os números ao longo dos próximos trimestres.
O que o investidor deve observar daqui para frente?
Quem investe ou pretende investir no RECT11 deve monitorar:
- A efetividade da estratégia de locação;
- A evolução do nível de vacância nos próximos relatórios gerenciais;
- A capacidade do fundo em gerar caixa suficiente para honrar os novos compromissos, inclusive os pagamentos mensais a partir de julho de 2025;
- E, claro, a manutenção ou melhoria do nível de distribuição de rendimentos.
Num cenário macroeconômico ainda volátil, com incertezas sobre inflação e política monetária, fundos de lajes corporativas precisam mostrar solidez. O RECT11 deu um passo importante ao reestruturar sua dívida – agora, o desafio é transformar essa flexibilidade em resultados concretos e duradouros.