O mês de junho trouxe mais um dividendo parrudo para os cotistas do VCRA11, mesmo em meio à turbulência do mercado de commodities agrícolas. Com um cenário macro desafiador e oscilações climáticas influenciando diretamente o setor, o fundo agro surpreendeu com uma distribuição que chamou a atenção do mercado.
Com cotas negociadas com deságio de quase 37% em relação ao valor patrimonial, o fundo segue entregando uma rentabilidade que se destaca na bolsa — e isso pode ter chamado o radar de quem busca oportunidades no setor agropecuário.
Dividendos de dois dígitos e alta frente ao CDI
O dividendo de R$ 0,90 por cota distribuído em junho equivale a um dividend yield anualizado de 16,82%, o que representa 128% do CDI líquido para pessoa física. Quando considerado o valor médio das emissões do fundo, essa rentabilidade ainda bate 80% do CDI líquido — um nível expressivo mesmo entre os FIIs de papel.
Com esses números, o fundo reforça seu posicionamento como pagador consistente, mesmo sem estar 100% alocado. O resultado reflete, em grande parte, a rentabilidade da carteira composta por ativos indexados ao CDI + 5,1% ao ano e IPCA + 8,9% ao ano — uma combinação que vem mostrando resiliência mesmo em um cenário volátil.
Nova alocação de peso: Natural One entra na carteira
Logo após o fechamento do mês, o fundo destinou R$ 22,5 milhões, o equivalente a 28% do caixa e 4,8% do PL, para investir em um CRA da Natural One, marca líder em sucos 100% naturais no Brasil. A operação tem vencimento em 4 anos e remuneração de CDI + 2,90% ao ano.
Além da atratividade dos números, o ativo se destaca pela solidez da empresa: a Natural One tem presença internacional em 11 países, faturamento de R$ 789 milhões em 2024 e conta com acionistas como Ricardo Ermírio de Moraes e o fundo Gávea Investimentos. A emissão do CRA ainda tem fiança solidária de nomes de peso, o que confere mais segurança à operação.
Mercado agro em turbulência: clima ajuda, preços nem tanto
O cenário climático tem favorecido a produção no Brasil e nos EUA, com boas perspectivas para o milho de inverno e a colheita de grãos em geral. No entanto, os preços das commodities não têm reagido na mesma medida.
Produtos como cacau e suco de laranja, que vinham em alta nos últimos anos, sofreram fortes correções em 2025 — com quedas de até 55%. O boi gordo mantém lateralização nos preços, enquanto o café e o açúcar também enfrentam pressões negativas, seja por clima favorável, seja por aumento de oferta global.
Mesmo com essa maré agitada, o VCRA11 manteve sua linha de crescimento com uma carteira sólida e decisões estratégicas bem fundamentadas.
Situações pontuais seguem no radar da gestão
A gestão também atualizou o status de alguns ativos com problemas específicos. Entre eles:
- Grupo APR: continua em tramitação judicial para reintegração de posse de uma fazenda.
- North Agro: segue em processo para consolidação de matrícula da propriedade.
- Safras Agroindustrial: o pedido de recuperação judicial da empresa está suspenso, e a gestão segue monitorando.
Apesar dessas ocorrências, a maior parte da carteira opera normalmente, e os gestores garantem que novas alocações estão sendo analisadas para elevar o carrego do fundo e, com isso, manter o patamar atual dos dividendos.