O fundo de shopping do BTG anunciou rendimentos fora do padrão, mas será que há espaço para novas surpresas?
O fundo imobiliário BPML11, focado em shoppings e gerido pelo BTG Pactual, informou ao mercado uma distribuição extraordinária de R$ 3,18 por cota, valor que será pago em três etapas entre junho e agosto de 2025. A medida está ligada à venda do Shopping Capim Dourado, ativo anteriormente pertencente ao portfólio do fundo.
Essa notícia chamou a atenção dos investidores nesta segunda-feira (10), principalmente porque se trata de um valor expressivo para os atuais pouco mais de 5 mil cotistas. No entanto, embora o montante traga alívio para quem já estava posicionado, a distribuição não deve ser interpretada como algo recorrente.
Pagamento será dividido em três datas específicas
Segundo o fato relevante publicado pela gestora e administradora do fundo, a divisão será feita da seguinte forma:
- R$ 1,06 por cota em 24 de junho, para quem estiver com cotas no fechamento de 16/06;
- R$ 1,06 por cota em 24 de julho, para quem mantiver cotas até 17/07;
- R$ 1,06 por cota em 22 de agosto, com base em posição do dia 15/08.
No total, os R$ 3,18 por cota representam a liberação do chamado “ajuste de preço”, previsto no contrato de venda do shopping, com base na performance do ativo nos 12 meses após a transação — iniciados em novembro de 2023.
Detalhes da venda surpreenderam positivamente o mercado
Além da distribuição, o fundo divulgou números relacionados à operação. A venda do Shopping Capim Dourado alcançou um valor total de R$ 206,2 milhões, com um cap rate de 8,1%.
Outro ponto que chamou atenção foi a valorização do imóvel em relação ao seu valor de avaliação na época: o ativo foi negociado com 16,2% de ágio sobre o valor justo, resultando em uma Taxa Interna de Retorno (TIR) de 29% para o fundo, o equivalente a 212% do seu valor de custo contábil.
Esses indicadores reforçam a eficiência da gestão do BPML11, que conseguiu agregar valor à venda de um ativo em um momento ainda desafiador para o setor de shoppings.
E o rendimento mensal regular do fundo?
A gestão também fez questão de destacar que a distribuição ordinária mensal seguirá normalmente. Ou seja, nos meses de junho, julho e agosto, os cotistas receberão duas distribuições distintas: a extraordinária e a regular, que segue o padrão até o dia 25 do segundo mês subsequente ao mês de competência.
Essa informação é essencial para quem acompanha a regularidade dos rendimentos do fundo, pois evita surpresas ou confusões sobre possíveis atrasos ou mudanças no fluxo de proventos.
O que esperar daqui para frente?
A distribuição extraordinária é, sem dúvida, uma boa notícia para os investidores do BPML11. Contudo, é preciso manter os pés no chão. Esses rendimentos adicionais são resultado de uma operação pontual — e, como tal, não devem ser considerados recorrentes.
Além disso, a estratégia de desinvestimento, embora lucrativa neste caso, levanta questionamentos sobre os próximos passos do fundo: haverá novas aquisições para recompor o portfólio? Qual será o impacto da ausência do Shopping Capim Dourado nos resultados futuros?
Investidores que acompanham o fundo de perto sabem que o cenário macroeconômico ainda é desafiador, com o consumo das famílias oscilando e o setor de shoppings ainda buscando estabilidade após os impactos da pandemia. Por isso, embora a notícia seja positiva, ela não deve ser interpretada como uma virada definitiva para o fundo.
Conclusão
A gestão do BPML11 mostra que sabe extrair valor dos ativos sob sua responsabilidade. A venda bem-sucedida do Shopping Capim Dourado e a distribuição extraordinária reforçam isso. No entanto, a atenção agora se volta para o que virá a seguir. A capacidade do fundo de manter bons resultados e gerar valor no longo prazo ainda será colocada à prova.
Para quem já estava posicionado, o cenário é de celebração. Para quem pensa em entrar, o ideal é olhar com cautela e considerar todo o contexto do fundo, sua estratégia e os desafios que podem surgir.