Um dos fundos imobiliários mais discretos da Bolsa acaba de divulgar uma notícia que pode impactar diretamente seus rendimentos e seu risco percebido pelo mercado. O EDFO11, fundo proprietário do tradicional Edifício Ourinvest, localizado no coração da Avenida Paulista, teve uma baixa inesperada em seu portfólio de locatários.
Na noite de ontem (24), o fundo informou, por meio de fato relevante, a rescisão antecipada do contrato de locação com a empresa Supplier Administradora de Cartões de Crédito S.A.. A empresa ocupava o 13º andar do edifício, além de seis vagas de garagem no subsolo, e permanecerá no local somente até 23 de junho de 2025, respeitando os 60 dias de aviso contratual.
Impacto nos rendimentos
O valor do aluguel pago pela empresa era de aproximadamente R$ 39.222,64 por mês, o que representa R$ 0,17 por cota na distribuição mais recente de março de 2025. Considerando que o fundo é monoativo e concentra todos os seus contratos em um único imóvel, essa saída gera um impacto proporcionalmente relevante, tanto na vacância quanto na distribuição de rendimentos nos próximos meses.
Apesar da rescisão, a locatária deverá pagar uma multa compensatória proporcional ao tempo restante de contrato — que, inicialmente, teria vigência até dezembro de 2025. A penalidade está prevista conforme a Lei do Inquilinato (Lei 8.245/91) e será uma receita pontual para o fundo, amenizando momentaneamente a perda do aluguel recorrente.
O fundo e seu ativo único
O EDFO11 é dono exclusivo do Edifício Ourinvest, localizado na Avenida Paulista, nº 1.728 — um dos endereços mais emblemáticos da cidade de São Paulo. Com isso, o fundo carrega um perfil de risco elevado por ser 100% exposto a um único imóvel e a um número reduzido de locatários.
Por ser um FII relativamente desconhecido e com baixa liquidez na Bolsa, o fundo raramente entra no radar de investidores iniciantes ou de carteiras mais conservadoras. Ainda assim, seu ativo é de alto padrão e bem localizado, o que poderia atrair novas locações caso a gestão atue com agilidade no processo de recomposição da vacância.
O que o investidor precisa observar
A principal preocupação para os cotistas neste momento é a capacidade do fundo em realocar o espaço vago rapidamente, especialmente considerando o cenário atual do setor corporativo, que ainda enfrenta desafios com o home office e a alta vacância em algumas regiões.
Além disso, o fundo não é amplamente coberto por casas de análise, o que dificulta uma leitura mais clara sobre sua performance futura, sobretudo em períodos de instabilidade como este.
Por outro lado, a multidão de investidores que busca FIIs com rendimentos mensais e exposição ao setor de escritórios pode encontrar no EDFO11 uma oportunidade — desde que esteja ciente dos riscos concentrados.
Conclusão
A saída da Supplier do EDFO11 traz à tona os riscos naturais de fundos monoativos: a dependência excessiva de poucos contratos de aluguel. Embora o imóvel tenha localização premium, qualquer vacância afeta diretamente a distribuição de proventos.
Para o investidor que acompanha o setor, fica o alerta: em FIIs com pouca diversificação, uma única mudança pode virar o jogo — para melhor ou para pior.