O DRCA11, Fiagro da gestora Devant, divulgou seu relatório gerencial referente ao mês de maio, e trouxe alguns dados que podem surpreender quem ainda associa o nome da gestora às polêmicas do DEVA11. Apesar do histórico que gera desconfiança em parte dos investidores, o fundo tenta manter uma imagem de estabilidade, com carteira diversificada, rendimentos atrativos e inadimplência zero.
Neste mês, o DRCA11 distribuiu R$ 0,09 por cota, rendimento isento de Imposto de Renda, o que equivale a 1,16% de dividend yield no mês, ou 102% do CDI. Quando considerado o gross up (isto é, o rendimento bruto ajustado como se fosse tributado), o retorno sobe para 120% do CDI.
Dividendos em linha e rendimento anual de dois dígitos
Mesmo com um resultado aparentemente modesto, o fundo mantém um bom histórico recente: o dividend yield acumulado dos últimos 12 meses chega a 15,50%, com uma média mensal de 1,31%.
De forma estratégica, a gestora optou por manter uma política de distribuição mais linear, retendo R$ 0,001 por cota neste mês para preservar caixa e suavizar futuras distribuições. A prática, comum entre fundos que prezam por previsibilidade, é vista com bons olhos por parte do mercado — principalmente em tempos de incerteza regulatória e econômica.
Carteira majoritariamente em CDI e sem atrasos
O portfólio do DRCA11 conta hoje com 17 ativos de crédito, sendo 82% atrelados ao CDI, com um spread médio de 4,4% sobre o índice. O restante da carteira está indexado à inflação, com uma remuneração média de IPCA + 8,4%. A duration média é de 1,5 ano, o que torna o fundo mais protegido contra oscilações de longo prazo.
A gestão também destacou que todas as operações da carteira estão pagando em dia, um sinal positivo de que, ao menos por enquanto, o DRCA11 não compartilha dos mesmos problemas de inadimplência enfrentados em outros fundos da Devant.
Segmentos e estrutura da carteira atual
A composição da carteira mostra um foco bastante concentrado em CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), que representam 73,5% dos ativos. Além disso, o fundo mantém 24,4% em caixa, indicando cautela na alocação e possível preparação para novas oportunidades no mercado primário ou secundário.
Confira a divisão dos segmentos financiados:
- Revenda: 20,6%
- Etanol: 9,6%
- Locação: 7,9%
- Logística: 7,3%
- Distribuidora de Insumos: 5,0%
Com esse mix, a gestão tenta equilibrar risco e retorno, priorizando setores do agronegócio com potencial de crescimento e menor volatilidade.
Receita supera R$ 700 mil em maio
Em maio, o DRCA11 registrou R$ 707.516 em receitas totais, com despesas de R$ 93.119, o que indica uma boa margem operacional. O resultado reforça a tese de que o fundo tem conseguido entregar retorno mesmo em um ambiente de juros elevados e maior aversão ao risco por parte dos investidores.
A Devant tenta virar a página?
Ainda é cedo para cravar qualquer virada definitiva, mas os últimos relatórios do DRCA11 indicam que a gestora está buscando construir uma narrativa mais sólida e confiável para seu Fiagro. Com dividendos consistentes, carteira em dia e transparência nos relatórios, o fundo tenta mostrar que não é mais um “irmão problemático” do DEVA11.
O investidor, no entanto, deve seguir cauteloso, analisando com atenção a origem dos ativos, a gestão de riscos e a política de crédito do fundo — pontos sensíveis quando se trata de casas que já enfrentaram desgaste de imagem.